quinta-feira, 5 de janeiro de 2017
Por que as religiões de matriz africana são o principal alvo de intolerância no Brasil?
Mais de 70% dos casos de ofensas, abusos e atos violentos registrados no Estado do Rio são contra pessoas de religiões africanas
Dados compilados pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio de Janeiro (CCIR) mostram que mais de 70% de 1.014 casos de ofensas, abusos e atos violentos registrados no Estado entre 2012 e 2015 são contra praticantes de religiões de matrizes africanas.
Divulgado nesta quinta-feira, Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, o documento reacende o debate: por que os adeptos da umbanda e do candomblé, e suas variações, ainda são os mais atacados por conta de sua religião?
O tema ganhou as páginas dos jornais recentemente, em casos como o da menina Kaylane Campos, atingida por uma pedrada na cabeça em junho do ano passado, aos 11 anos, no bairro da Penha, na Zona Norte do Rio, quando voltava para casa de um culto e trajava vestimentas religiosas candomblecistas.
Também em 2015, no mês de novembro, um terreiro de candomblé foi incendiado em Brasília, sem deixar feridos. Na época, a imprensa local já registrara 12 incêndios semelhantes desde o início daquele ano somente no Distrito Federal.
A BBC Brasil ouviu especialistas sobre as razões da hostilidade contra as religiões de origem africana e o que pode ser feito.
Para eles, há duas explicações. Por um lado o racismo e a discriminação que remontam à escravidão e que desde o Brasil colônia rotulam tais religiões pelo simples fato de serem de origem africana, e, pelo outro, a ação de movimentos neopentecostais que nos últimos anos teriam se valido de mitos e preconceitos para "demonizar" e insuflar a perseguição a umbandistas e candomblecistas.
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Templo de Luiz Fernando Barros já sofreu tentativa de invasão e teve estátuas quebradas; filhos de santo já foram discriminados
Relatório e dados
Os entrevistados destacam que, pela primeira vez, a CCIR, criada em 2008, aliou os dados estaduais a números nacionais, informações de outros institutos e relatos de três diferentes pesquisas acadêmicas.
Os dados do Disque 100, criado pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos, apontam 697 casos de intolerância religiosa entre 2011 e dezembro de 2015, a maioria registrada nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. No Estado do Rio, o Centro de Promoção da Liberdade Religiosa e Direitos Humanos (Ceplir), criado em 2012, registrou 1.014 casos entre julho de 2012 e agosto de 2015, sendo 71% contra adeptos de religiões de matrizes africanas, 7,7% contra evangélicos, 3,8% contra católicos, 3,8% contra judeus e sem religião e 3,8% de ataques contra a liberdade religiosa de forma geral.
Dentre as pesquisas citadas, um estudo da PUC-Rio sugere que há subnotificação no tema. Foram ouvidas lideranças de 847 terreiros, que revelaram 430 relatos de intolerância, sendo que apenas 160 foram legalizados com notificação. Do total, somente 58 levaram a algum tipo de ação judicial.
O trabalho também aponta que 70% das agressões são verbais e incluem ofensas como "macumbeiro e filho do demônio", mas as manifestações também incluem pichações em muros, postagens na internet e redes sociais, além das mais graves que chegam a invasões de terreiros, furtos, quebra de símbolos sagrados, incêndios e agressões físicas.
Ivanir Costa, babalaô registrado há 35 anos e iniciado na Nigéria há 11 anos, está envolvido com a luta contra a intolerância há mais de duas décadas, e encabeçou a redação do relatório, como presidente da CCIR.
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Coordenador do relatório da comissão da Alerj, Ivanir Santos diz que é preciso pressionar o Estado para resguardar direito de liberdade religiosa
Ele diz que a própria ausência de dados consistentes nacionais, que dialoguem entre si, e a subnotificação dos casos, são indícios de como o tema ainda precisa ser levado mais a sério no Brasil.
"Há alguns avanços isolados em lugares como o Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia, mas estamos muito aquém do que precisa ser feito neste setor", diz o religioso, que recebeu em 2014 o Prêmio Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República pelo trabalho na comissão.
Racismo e neopentecostais
Para Francisco Rivas Neto, sacerdote e fundador da Faculdade de Teologia com Ênfase em Religiões Afro-Brasileiras (FTU), baseada em São Paulo e a única reconhecida pelo Ministério da Educação como formadora de bacharéis no tema, é impossível dissociar a intolerância do preconceito contra o africano, o escravo e o negro.
"Os afro-brasileiros são discriminados, tratados com preconceito, para não dizer demonizados, por sermos de uma tradição africana/afrodescendente. Logo, estamos afirmando que o racismo é causa fundamental do preconceito ao candomblé e demais religiões afro-brasileiras", diz.
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A menina Kailane Campos (à dir.)r foi agredida em 2015 por estar portando vestimentas religiosas; caso teve ampla repercussão
Já a pesquisadora Denise Pini Fonseca, historiadora, ex-professora da PUC-Rio e coautora do estudo que visitou os mais de 800 terreiros fluminenses, acredita que a origem da intolerância esteja muito mais conectada à crescente influência de alguns grupos neopentecostais no país.
"É claro que o racismo tem influência, mas acredito que é muito mais forte o discurso de alguns movimentos neopentecostais que são na realidade um projeto teopolítico que se apropria de símbolos muito poderosos para atingir seus interesses, e que elegeram as religiões de matrizes africanas como alvo", diz.
João Luiz Carneiro, doutor em ciências da religião pela PUC-SP, especialista em teologia afro-brasileira pela FTU e autor do livro Religiões Afro-brasileiras: Uma construção teológica (Editora Vozes), defende que os dois fatores estariam completamente conectados. "A ligação entre esses dois fatores está muito bem resolvida na academia. As razões profundas na questão racial e o discurso neopentecostal que reforça no imaginário popular que é o macumbeiro, o sujo, o que faz o mal", indica.
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Adeptos praticam religião no Terreiro Templo do Oriente, na Zona norte do Rio; muitos já sofreram discriminação, diz líder Luiz Fernando Barros
Para ele, é nítido o processo histórico em que boa parte do que é produzido pelo negro brasileiro é desumanizado, desvalorizado ou considerado estranho, exótico, folclórico, e a ascensão do discurso de alguns neopentecostais que estimula a visão da religião africana como ligada ao culto ao demônio, diabo, satanás, rituais satânicos, macumba ou que fazem o mal.
Ed René Kivitz, pastor da Igreja Batista, formado em Teologia e mestre em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo e que integra o movimento Missão Integral – que congrega diferentes lideranças evangélicas –, acredita que os casos de intolerância no país são localizados e "fazem parte de um recorte de tempo muito específico que estamos vivendo".
"Não faz parte da índole do povo brasileiro e nem da índole cristã, quer seja católica ou evangélica. E evidentemente não faz parte da índole do Evangelho", disse ele à BBC Brasil em junho de 2015, após o ataque à menina Kaylane, no Rio.
"Acho que é algo isolado, mas preocupante também para a imagem da Igreja Evangélica, que está sofrendo muito por conta de lideranças radicais que estão construindo no imaginário da sociedade brasileira uma ideia do ser evangélico que não corresponde à grande parcela da nossa população que se identifica como tal."
Casos de intolerância
Luiz Fernando Barros, de 52 anos, já experimentou diversos exemplos de intolerância ao longo dos 37 anos em que atua como religioso da umbanda.
"Já coloquei minha roupa branca religiosa no trabalho e vi que as pessoas queriam caçoar, fazer pouco dos meus valores espirituais. Temos filhos que frequentam escola pública e não podem usar as contas (colares religiosos). Já tive estátuas quebradas no meu templo, tentativas de invasão. Uma irmã nossa foi demitida de um hotel na Zona Sul do Rio quando a gerente descobriu que ela era de umbanda. Não foi o argumento oficial, mas ficou nítido para ela", conta.
Ele foi um dos vários pais de santo que revelaram à BBC Brasil em reportagem publicada no ano passado que se viu forçado a aumentar a segurança de seus terreiro após repetidas invasões. Um deles, Pai Costa, de 63 anos e há 45 atuando como líder religioso, já tinha sofrido três invasões na época e teve de gastar R$ 4.500 em sistemas de vigilância.
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Tradicional oferenda a deuses africanos; para especialistas, há mitos e preconceito sobre rituais de religiões de matrizes africanas
Outro exemplo é o de Pai Márcio de Jangun, babalorixá, advogado e escritor iniciado há 36 anos no candomblé e com terreiro aberto há 15 anos. Ele diz que a intolerância pode ser sutil e parte do cotidiano, o que também configura discriminação e crime, apesar de não envolver violência física.
"Já me recusaram vender flores quando perceberam que seriam usadas em terreiro de candomblé. No transporte público, a pessoa se levanta por não querer ficar sentada do seu lado, se benze. É algo que infelizmente faz parte do cotidiano e que os praticantes de religiões africanas lidam todos os dias no Brasil", diz.
No relatório da CCIR há casos como a invasão e depredação do centro de umbanda "A Caminho da Paz", no Cachambi, na Zona Norte do Rio, em fevereiro de 2015, assim como incêndios e destruição de estátuas no Distrito Federal.
Também são documentados xingamentos contra crianças judaicas num clube de elite da Zona Sul do Rio, na Lagoa, durante as Mascabadas, olimpíadas de colégios judaicos de todo o país, e o ataque a uma professora de teatro que recebeu uma pedrada na perna aos gritos de "muçulmana maldita" uma semana após os atentados à sede da revista Charlie Hebdo, em Paris, no início do ano passado.
Papel do Estado
Um dos objetivos de aumentar o escopo do relatório da CCIR é chamar a atenção para o problema e nacionalizar o debate, além de pressionar Estados e o governo federal para a implementação de políticas públicas mais efetivas. Outra meta é cobrar a execução da legislação já existente, que tipifica o crime de intolerância religiosa.
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Lideranças e praticantes contam que apenas portar vestimenta tradicional e símbolos e adereços já é suficiente para despertar intolerância nas ruas
No Rio de Janeiro, apesar de alguns avanços pontuais, os especialistas cobram a implementação de uma delegacia especializada, aprovada por lei em 2011 mas ainda sem previsão para sair do papel. São Paulo e Distrito Federal já criaram tais espaços.
Consultado pela BBC Brasil, o governo fluminense confirmou que "não há previsão para a criação" da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância como determinou a Lei Estadual 5931, aprovada em 25/03/2011. O governo ressaltou, no entanto, papel pioneiro com a criação do Centro de Promoção da Liberdade Religiosa & Direitos Humanos, em 2012, e disse que todas as delegacias de polícia do Estado estão aptas a registrarem casos de intolerância religiosa.
Na visão dos especialistas, este é justamente um dos principais problemas. "Quando a pessoa vai a uma delegacia, o policial registra a queixa como briga de vizinho, rixa, ameaça. Falha ao não aplicar a lei de intolerância religiosa, que prevê a tipificação penal adequada", diz o professor André Chevarese, do Instituto de História da UFRJ, que coordena o Laboratório de História das Experiências Religiosas.
"Além disso, juízes tendem a ser condescendentes, não punem da forma adequada. O Estado falha ainda ao não educar melhor, não incluir mais o ensino sobre África, sobre religiões de matrizes africanas, sobre a importância das culturas africanas para a construção do país", diz.
Ivanir Costa, da CCIR, diz que ao longo do tempo já presenciou a entrega de documentos às mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff, e que ouviu promessas, mas até agora falta vontade política para implementar medidas nacionais mais eficientes, a exemplo do que foi colocado em prática na questão da violência contra a mulher.
"Não temos órgãos que acolham denúncias e orientem vítimas em todos os Estados. Não temos uma base de dados nacional, os números são muito discrepantes ao redor do país. Há pouquíssimas delegacias. Delegados, policiais e juízes descumprem a lei. É um cenário muito incipiente ainda", avalia.
AS RELIGIÕES DE MATRIZES AFRICANAS
As religiões de matriz africana foram incorporadas a cultura brasileira desde há muito, quando os/as primeiros/as escravizados/as desembarcaram no país e encontraram em sua religiosidade uma forma de preservar suas tradições, idiomas, conhecimentos e valores trazidos da África.
E assim como tudo que fazia parte deste universo, tais religiões – apesar de sua influência e importância na construção da cultura nacional – também foram perseguidas e, em determinados momentos históricos, até proibidas. Atualmente, os ataques mais expressivos às religiões de matriz africana vêm das chamadas religiões ‘neopentecostais’, que comumente as rotulam de ‘culto aos demônios’, ‘crendices’ e ‘feitiçarias’.
Toda essa ignorância com relação a essas culturas gera um ambiente propício para intolerância, proporcionando sofrimento aos praticantes e a todos/as aqueles/as que fazem parte da população negra, que tem os seu direito de pertença e identidade racial muitas vezes negado em função do racismo.
A ministra religiosa e Iyalorisá, Carmen Prisco, defende que para combater o racismo e a intolerância religiosa o governo brasileiro precisa reconhecer a contribuição dos africanos na construção da alma brasileira e tombar o candomblé como Patrimônio Cultural Intangível da Humanidade.
O Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade é uma distinção criada em 1997 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura para a proteção e o reconhecimento do patrimônio cultural imaterial, abrangendo as expressões culturais e as tradições que um grupo de indivíduos preserva em respeito da sua ancestralidade, para as gerações futuras.
“O candomblé representa o espaço onde a cultura dos escravizados que vieram para o Brasil está guardada, está sendo preservada e transmitida. Se as leis municipais continuarem fechando terreiros, não reconhecendo o lugar do sagrado que o nosso culto possui, em 50 anos não teremos mais candomblé e as pessoas não vão nem saber da história dos escravizados no Brasil”, destaca Carmen.
Para ela é função dos/as educadores/as levar estes conhecimentos para a sala de aula e contribuir para perpetuação dos valores civilizatórios de tradição africana. Ela inicia esse resgate histórico distiguindo a origem e história dos ancestrais africanos que vieram na diáspora.
Os Bantus eram o grupo mais numeroso, dividiam-se em angola-congoleses e moçambiques. Sua origem estava ligada ao que hoje representa Angola, Zaire e Moçambique, os principais destinos deste grupo eram Maranhão, Pará, Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro e São Paulo. Eles foram os primeiros a chegarem no Brasil e a fundarem com os indígenas o candomblé de cabloco, primeira manifestação religiosa com origem africana do país.
Já os Iorubas ou Nagôs-Sudaneses eram formados por: iorubas, jejes e fanti-ashantis, trazidos do sudoeste do continente africano, do que hoje é representado pela Nigéria, Daomei e Costa do Ouro, seu destino geralmente era a Bahia. Entre eles tinham os mulçumanos, que de acordo com Carmen, eram os não-escravizados e também muitos guerreiros, que em sua maioria foram para os engenhos de cana-de-açúcar. No final da Diáspora, aqui chegaram os Fon, cuja maior expressão histórica, política e social se expressou no Benin, através do Reino do Dahomey.
Carmen chama a atenção para como, mesmo falando línguas diferentes e cultuando seus próprios deuses, esses povos reiventaram suas origens, uniram-se e pela fusão de suas culturas construíram a nossa religiosidade e conhecimento. Ela destaca algumas manifestações que tiveram origem nesta ‘colagem’:
Batuque – sediado no Rio Grande do Sul, se estendeu para países vizinhos como Uruguai e Argentina. É fruto de religiões dos povos da Costa da Guiné e da Nigéria, como as nações Jeje, Ijexá, Oyó, Cabinda e Nagô.
Candomblé – Do Calundu colonial da Bahia surgem os primeiros terreiros de candomblé e com eles a organização politico-social-religiosa. Neste ponto, as irmandades não podem ser esquecidas. Elas têm como origem a mistura proveniente da cultura dos escravizados com o catolicismo. A mais antiga é a Irmandade da Boa Morte, que no terreiro da Casa Branca fundou os alicerces para que as demais casas de candomblé pudessem ser criadas e posteriormente, se espalharem pelo Brasil.
Cabula – é o nome pelo qual foi chamada, na Bahia, uma seita surgida no final do século XIX, com caráter secreto e fundo religioso. Além do cunho hermético, a seita mantinha forte influência da cultura afro-brasileira, sobretudo dos malês, bantos com sincretismo provocado pela difusão da Doutrina Espírita nos últimos anos do século XIX. A Cabula é classificada como candomblé de caboclo, considerada como precursora da Umbanda, persiste ainda como forma de culto nos estados da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Culto aos Egungun – é uma das mais importantes instituições, tem por finalidade preservar e assegurar a continuidade do processo civilizatório africano no Brasil, é o culto aos ancestrais masculinos, originário de Oyo, capital do império Nagô, que foi implantado no Brasil no início do século XIX. O culto principal aos Egungun é praticado na Ilha de Itaparica no Estado da Bahia, mas existem casas em outros Estados.
Catimbó - Concebe-se como Catimbó-Jurema, ou simplesmente Jurema, a religião que se utiliza de sessões de Catimbó na veneração da Jurema sagrada e dos Orixás. O Catimbó-Jurema é um culto híbrido, nascido dos contatos ocorridos entre as espiritualidades indígena, européia e africana, contatos esses que se deram em solo brasileiro, a partir do século XVI, com o advento da colonização.
Umbanda – é uma religião brasileira que sincretiza vários elementos, inclusive de outras religiões como o catolicismo, o espiritismo, as religiões afro-brasileiras e a religiosidade indígena. A palavra umbanda deriva de m’banda, que em quimbundo (idioma banto) significa “sacerdote” ou “curandeiro”.
Quimbanda – é uma ramificação da umbanda desde a sua fundação pelo médium brasileiro Zélio Fernandino de Morais, já que o mesmo admitiu ter um exu como guia por ordens de seus guias. Assim como qualquer religião, dentro da quimbanda, existem várias linhas de desenvolvimento, mas o princípio de trabalhar respeitando as leis da Umbanda é fundamental, uma vez que estas entidades são comandadas pelas entidades da Umbanda, que é sua matriz.
Xambá - A Nação Xambá é uma religião afro-brasileira ativa em Olinda, Pernambuco. Alguns autores afirmam que este culto está praticamente extinto no país.
Omolocô – é um culto presente no Rio de Janeiro, mas veio pela Bahia e também é encontrado no Rio Grande do Sul, é caracterizado por suas práticas rituais e de culto aos Orixás, Caboclos, Pretos-velhos e demais Falangeiros de Orixás da Umbanda. O culto Omolocô é apontado por estudiosos do assunto e praticantes como um dos principais influenciadores da formação da Umbanda africanizada, ao lado do Candomblé de Caboclo, do Cabula e do próprio Candomblé. Teria surgido entre o povo africano Lunda-Quiôco.
A ministra também destaca que a religiosidade africana para os/as escravizados/as não se separava das demais dimensões da vida e que foi esta característica que potencializou o poder de influência desta cultura em tantos setores da sociedade brasileira ainda em seu início. Ela recorda leis com o a do Diretório de 1759, que tornou obrigatório o uso da língua portuguesa como idioma oficial em todo o território nacional, proibindo o tupinambá e a proliferação dos dialetos e línguas africanas que já dominavam o falar dos colonos.
“É impressionante que muitas das palavras ‘banto’ já substituíam os mesmos termos em português. E representavam mais que vocábulos diferentes, eram novas maneiras de ser e agir. Um exemplo é a palavra cochilar usado em substituição a dormitar. Dormitar, palavra portuguesa, significava dormir sentado, em pé, de qualquer jeito. Cochilar já não, era a prática dos negros de deitar e dormir um pouco após o almoço”, observa.
Outro detalhe curioso compartilhado por Carmen foi o uso de vogais e consoantes, bem como do plural praticados pelos/as negros/as. “As pessoas tem mania de querer dizer que é errado o jeito de falar do negro, do matuto, mas se olharmos para origem percebemos que o que falta é conhecimento da língua No caso do plural, do ponto de vista da morfologia e da sintaxe, na língua iorubá, a sua composição se dá pela flexão, somente, dos artigos que precedem os substantivos. Enquanto na língua portuguesa, se constrói flexionando também os substantivos. Assim, enquanto em português, a construção do plural de “a casa” fica “as casas”. Em ioruba flexiona-se apenas o artigo e fica ‘as casa’. No caso dos encontros consonantais, eles não existem em iorubá e então, são desfeitos com a inserção de uma vogal. A palavra salvar, que em função do desdobramento das consoantes L V é acrescido a vogal A, precedida de R, resulta na palavra SARAVA. Algo muito parecido acontece com a palavra flor. As letras F e L vão receber a vogal U entre si o que resulta na palavra FULÔ. Neste caso a pronúncia do R não é utilizada porque também não se aplica nos idiomas iorubá e banto”, explica.
A apropriação dos termos africanos acabou se transformando em prática cotidiana no universo da culinária brasileira, que adotou o modo de preparar, bem como os ingredientes usados pelas negras.
A população escravizada já havia introduzido na cozinha portuguesa o leite de coco-da-Bahía, o azeite de dendê, confirmou a preferência da pimenta malagueta sobre a do reino, deu ao Brasil o feijão preto, o quiabo, ensinou a fazer vatapá, caruru, mungunzá, acarajé, angu e pamonha. Ela também modificou os pratos portugueses, substituindo ingredientes; fez a mesma coisa com os pratos da terra; e finalmente criou a cozinha brasileira, que por meio dos/as escravizados/as de ganho foi responsável pela sobrevivência de muitos senhores de engenho que faliram com a decadência da cana-de-açúcar no mercado europeu.
Para conhecer outras influências provenientes da cultura das religiões africanas, recomendamos que acessem a apostila criada por Carmen Prisco e conheçam outros cenários como da música, das vestimentas e da organização social estabelecida na religiosidade. Bons estudos!
Oferendas e Comidas dos Orixás Candomblé.
As Oferendas
No candomblé, uma oferenda não necessariamente é um sacrifício de origem animal. Para o Candomblé tudo que a natureza produz é sangue, e um sacrifício, requer a utilização de vários tipos de sangue, vindos das mais variadas fontes da natureza, atribuindo vida.
Sangue de Origem vegetal, obtido nas casca das árvores, folhas, frutos, sementes e flores.
Sangue de origem mineral, Água, sal, carvão.
Sangue de origem animal, são sacrificados, bois, bodes, galinhas, patos e muitos outros animais, que depois servem de alimentos à comunidade, mas nunca seres humanos, pois o Orixá vive no Homem e através do Homem.
O animal sacrificado vai das mãos do axogun para as mãos da cozinheira (Iyabassê), que vai preparar o alimento tanto para o Orixá como para todos os presentes.
Todas as partes do animal são separadas. A parte interna do animal e o sangue petencem ao Orixá.
Mas o resto do animal é cozido e preparado para serem servidos no final da festa, aos visitantes e filhos da casa. Sacrifício não é sinônimo de assassinato. Todo homem sacrifica não necessariamente num sentido religioso, e mata para sobreviver. O sentido expiatório, não é aplicando ao Candomblé por um motivo aparentemente simples: no Candomblé, não existe pecado, portanto não há o que expiar.
Além dos animais, outras comidas são preparadas dependendo do Orixá que está sendo homenageado, o amalá para Xangô, o Ipeté para Oxum, o acarajé para Iansã, tudo será colocado diante do assentamento do Orixá como oferenda. Toda essa comida serve para alimentar uma comunidade inteira de filhos de santo e suas famílias que geralmente moram nas proximidades do terreiro.
Comida Ritual
Comida ritual, nas religiões consideradas afro brasileiras, são as comidas específicas de cada Orixá, cujo preparo requer um verdadeiro ritual. Esses alimentos depois de prontos são oferecidos aos Orixás acompanhados de rezas e cantigas. Durante a festa ou no final, em grande parte são distribuídas para todos os presentes. São chamadas comida de axé, pois acredita-se que o Orixá aceitou a oferenda e impregnou de axé as mesmas.
A Iyabassê é a pessoa responsável por cumprir esse ritual. Existem Orixás que não aceitam comidas com azeite de dendê, outros não aceitam mel, outros não aceitam sal, outros não aceitam camarão, etc… A Iyabassê precisa saber exatamente como se prepara cada uma dessas comidas, para que elas sejam aceitas pelos Orixás respectivos.
Abará
Abalá
Abadô
Aberém
Abóbora de caboclo
Acaçá
Acarajé
Ado
Ajebo
Amalá
Amió
Angu
Arroz de hausa
Axoxô
Bobó
Carurú
Deburu ou Doburu
Ebô
Ebôya
Efó
Erã peterê
Ekuru
Farofa
Fubá
furá
Imbé
Ipeté
Ixé
Jacuba
Jurema
Lelê
mungunzá (ritual)
Omolocum
Vatapá
Xinxim de galinha
Abará é um dos pratos da culinária baiana e como o acarajé também faz parte da comida ritual do candomblé.
O abará tem a mesma massa que o acarajé: a única diferença é que o abará é cozido, enquanto o acarajé é frito.
O preparo da massa é feito com feijão fradinho, que deve ser quebrado em um moinho em pedaços grandes e colocado de molho na água para soltar a casca. Após retirada toda a casca, passa-se novamente no moinho, desta vez deverá ficar uma massa bem fina. A essa massa acrescentam-se cebola ralada, um pouco de sal, duas colheres de dendê.
Quando for comida de ritual, coloca-se um pouco de pó de camarão, e, quando fizer parte da culinária baiana, colocam-se camarões secos previamente escaldados para tirar o sal, que podem ser moído junto com o feijão, além de alguns inteiros.
Essa massa deve ser envolvida em pequenos pedaços de folha de bananeira, semelhante ao processo usado para fazer o acaçá, e deve ser cozido no vapor em banho-maria. É servido na própria folha.
Abalá
Abalá é um nome comum a dois tipos de comidas rituais votivas, inerentes aos orixás obá, xango e Yewá, quando feita de massa de milho verde, ou da massa de carimã votiva ao orixá nanã. Este alimento ritual é muito apreciado pelo povo do santo e pela maioria dos nordestinos e chamado popularmente de pamonha de milho verde e pamonha de carimã. Embora a palavra abalá seja descrito no dicionário Aurélio como o mesmo que abará, todavia pela primeira vez Raul Lody refere-se a esta iguaria feita com massa de milho verde.
diferença
Abalá de milho O milho verde é ralado e à massa resultante é misturada ao leite de coco com parte do bagaço, sal e açúcar. Esta massa é colocada em "palha" da própria casca do milho, atados nas extremidades. As pamonhas são submetidas a cozimento submersas em água fervente por um período de 15 minutos.
Abalá de carimã O aipim previamente descascado é submergido por um período de quatro dias para obter uma massa chamada de carimã, misturada ao leite de coco com parte do bagaço, sal e açúcar. Esta massa é colocada em "palha de aguedé" (bananeira), atados nas extremidades. As pamonhas são submetidas a cozimento submersas em água fervente por um período de 25 minutos.
Abadô
Abadô é um nome comum a dois tipos de comidas rituais votivas, feitas de farinha de milho, ou amendoim, previamente torrados, passado no moinho, misturado com farinha de mandioca, sal e açucar, também chamado de fubá de milho ou fubá de amendoim pelo povo de santo. Esta comida ritual é oferecido à vários orixas, principalmente a Obaluaye, oxumare e nanã, indispensável no ritual de olubajé. A mesma mistura acrescida de mel de abelha é muito apreciada pelo orixá oxum.
Aberém é prato típico da cozinha da Bahia, bolinho de origem afro-brasileira, feito de milho ou arroz moído na pedra, macerado em água, salgado e cozido em folhas de bananeira secas. No candomblé, é utilizada como comida-de-santo, sendo oferecida a Omulu e Oxumaré.
O Acaçá é uma comida ritual do candomblé e da cozinha da Bahia. Feito com milho branco ou vermelho, que fica de molho em água de um dia para o outro, e deve ser depois passado em um moinho para formar a massa que será cozida em uma panela com água, sem parar de mexer, até ficar no ponto. Este se adivinha quando a massa não dissolve, se pingada em um copo com água. Ainda quente, pequenas porções da massa devem ser embrulhadas em folha de bananeira já limpa, passada no fogo e cortada em pedaços de igual tamanho, para ficar tudo harmonioso.
Colocar a folha na palma da mão esquerda e colocar a massa. Com o polegar dobrar a primeira ponta da folha sobre a massa, dobrar a outra ponta cruzando por cima e virando para baixo, fazendo o mesmo do outro lado. O formato que resulta é o de uma pirâmide retangular.
Todos os orixás recebem o acaçá como oferenda.
Acarajé
Comida ritual da orixá Iansã. Na África, é chamado de àkàrà que significa bola de fogo, enquanto je possui o significado de comer. No Brasil foram reunidas as duas palavras numa só, acara-je, ou seja, “comer bola de fogo”.
O acarajé, o principal atrativo no tabuleiro, é um bolinho característico do candomblé. Sua origem é explicada por um mito sobre a relação de Xangô com suas esposas, Oxum e Iansã. O bolinho se tornou, assim, uma oferenda a esses orixás. Mesmo ao ser vendido num contexto profano, o acarajé ainda é considerado, pelas baianas, como uma comida sagrada. Por isso, a sua receita, embora não seja secreta, não pode ser modificada e deve ser preparada apenas pelos filhos-de-santo.
O acarajé é feito com feijão-fradinho, que deve ser quebrado em um moinho em pedaços grandes e colocado de molho na água para soltar a casca. Após retirar toda a casca, passar novamente no moinho, desta vez deverá ficar uma massa bem fina. A essa massa acrescenta-se cebola ralada e um pouco de sal.
O segredo para o acarajé ficar macio é o tempo que se bate a massa. Quando a massa está no ponto, fica com a aparência de espuma. Para fritar, use uma panela funda com bastante azeite-de-dendê ou azeite doce.
Normalmente usam-se duas colheres para fritar, uma colher para pegar a massa e uma colher de pau para moldar os bolinhos. O azeite deve estar bem quente antes de colocar o primeiro acarajé para fritar.
Esse primeiro acarajé sempre é oferecido a Exu pela primazia que tem no candomblé. Os seguintes são fritos normalmente e ofertados aos orixás para os quais estão sendo feitos.
Ado
é uma Comida ritual feita de milho vermelho torrado e moído em moinho e temperado com azeite de dendê e mel, é oferecido principalmente à Orixá Oxum.
Ajebo ou ajébo
é comida ritual do Orixá Xango ayr
É feito com seis ou doze quiabos cortado em "lasca", batido com três clara de ovos até formar um musse, regado com gotas de mel de abelha e azeite doce. Colocado em uma gamela forrada com massa de acaçá ou pirão de farinha de mandioca, ornado com doze quiabos inteiros, doze moedas circulante, doze bolos de milho branco e seis Orobôs.
A mesma oferenda pode ser oferecida a outras qualidades deXangô , todavia acrescenta-se azeite de dendê e substitui os doze bolos de milho branco por doze acarajés.
Amalá ou Caruru
é comida ritual votiva do Orixá Xangô, Iansã, Obá e Ibêji
É feito com quiabo cortado, cebola ralada, pó de camarão, sal, azeite de dendê ou azeite doce, pode ser feito de várias maneiras. É oferecido em uma gamela forrada com massa de acaçá. Também chamado pelo povo de santo nos candomblés jeje-nagôs de caruru.
Axoxô
é como é conhecida a comida ritual dos Orixás Oxóssi e Ogum no candomblé e umbanda, que consiste em milho vermelho cozido. Quando oferendado pra o orixa ogum é refogado com cebola ralada, camarão seco defumado, sal e azeite de dendê. Quando oferendado para orixá oxóssi o milho cozido é misturado com melaço (Mel de cana de açúcar), não confundir com mel de abelha que é o grande ewo deste orixá, enfeitado com fatias de coco sem casca.
Nota. Esta mesma oferenda pode ser consagrado à Olokun.
Deburu
é a comida ritual dos Orixás Obaluaiyê e Omolu, é o milho de pipoca estourado em uma panela, em alguns lugares com óleo, em outros com areia. Nesse último caso, é preciso peneirar a areia dessa pipoca depois de pronta. Ao final, a pipoca colocada em um alguidar (vasilha de barro) e enfeitado com pedacinhos de coco.
Ebô
palavra oriunda do iorubá, consiste num alimento religioso e votivo para os orixás funfun (branco) Oxalá, dentro das religiões afro-brasileiras. É o milho branco cozido sem tempero e sem sal.
Ebôya, eboia ou fava de iemanjá
é uma comida ritual feito com fava cozido refogado com cebola, camarão, azeite de dendê ou azeite doce.
A mesma oferenda pode ser preparada com o milho branco na falta da fava, todavia recebe o nome de Dibô, possuindo o mesmo valor ritual. É uma comida oferecida especificamente ao orixá Iemanjá, podendo ser vista nos rituais de ori, bori e assentamento de cabeça, no sentido de dar equilíbrio espiritual.
Ervã peterê
ou simplesmente peteran como é comumente chamado pelo povo de santo é o nome da comida ritual votiva, pertinente á vários rituais e orixás da cultura afro brasileira denominado de candomblé. Preparado com carne fresca de preferência dos rituais de sacrifícios, sal e rapidamente frita no azeite de dendê, em caso do orixá ser funfun, deve-se substituir o sal pela cebola e o dendê por azeite doce e oferecido ao orixá regente da obrigação, independente do ixé.
A mesma comida ritual recheada de camarão defumado, chamado popularmente xinxin ou moqueca de carne é servida normalmente aos adeptos do candomblé nas festas de barracão, sendo uma comida votiva ao orixá Akeran (oxossi) por ter ligação ao eran (carne).
Ekuru
é uma comida ritual. A massa é preparada da mesma forma que a massa do acarajé, feijão fradinho sem casca triturado, envolto em folhas de bananeira como o acaçá e cozido no vapor.
Farofa ou mi-ami-ami
é um nome comum a vários tipos de comidas rituais votivas, feita de uma mistura, que tem como base farinha de mandioca, "farinha de pau ou farinha de guerra". Esta comida ritual sagrada, também é um alimento ritual e muito apreciada pela maioria do povo do santo da cultura Nago-Vodum.
Tipos de Farofas
Farofa-de-dendê, farofa amarela, farofa vermelha, farofa de azeite ou farofa de bambá são nomes comumente chamado pelo povo do santo em sua variada apresentação a depender do ritual que esteja acontecendo. Normalmente é chamada de farofa de dendê a farofa servida aos adeptos e participantes do candomblé, feita com farinha, azeite de dendê, camarão seco, cebola e sal, vista sempre no ritual do olubajé.
Os outros tipos são denominações para rituais pertinentes a limpeza de corpo, padê de exu, sasanha, afexu, axexê etc. Também oferecido para alguns orixas e preparadas só com azeite de dendê e sal.
Farofa branca
farofa de agua ou farofa de egum, são farofas preparadas só com água e sal. Determinados orixas funfuns apreciam esta iguaria e algus preferem sem sal.
Farofa de mel ou mi-ami-ami owin
é uma farofa preparada com farinha e mel de abelha, muito utilizada nos rituais de erê, ibeji, osain e oxun, comumente visto nos carurus dos santos gêmeos e devoção a São Cosme e São Damião, Crispim e Crispiniano.
Farofa de cachaça ou mi-ami-ami otin
é uma farofa preparada com farinha e cachaça, muito utilizada nos rituais de exu, padê e limpeza de corpo. O povo do santo também chamam de farofa de cachaça toda farofa feita com aguardentes, vinhos ou qualquer bebida alcoólica.
Furá
bolinhos, ou bola de: arroz, inhame, farinha de mandioca, farinha de milho… etc. é o nome da comida ritual votiva, pertinente á vários rituais e orixas da cultura afro brasileira denominado de candomblé.
Este alimento ritual é muito comum nos rituais de limpeza de corpo, bori, assentamento de cabeça, axexê, apanan, feitura de santo, sasanha etc.
Ipeté
é um dos pratos da culinária baiana e como o acarajé também faz parte da comida ritual do candomblé, oferecida especialmente ao orixa Oxun.
Inhame, azeite de dendê, cebola raladas, camarão sêco e defumado, gengibre ralado, camarões frescos inteiros e cozidos para enfeitar e sal.
Também oferecido ao Orixá Oxaguian, substituindo o dendê por azeite doce na festa do Pilão.
Preparo:
Tirar a casca do inhame e cortar em pedaços pequenos, cozinhar ao ponto de amassar com um garfo, colocar os temperos e um pouquinho de sal e bater com uma colher de pau até ficar no ponto de um purê.
Colocar em uma tigela e enfeitar com os camarões inteiros.
Ixé
inché ou eran axé é o nome da comida ritual votiva, oferecida a todos orixás da cultura afro brasileira denominado de candomblé.
Este alimento ritual é um dos mais sagrados e importantes para o povo do santo. Preparado com "miúdos" entranhas e extremidades dos animais sacrificados nos rituais de oroeje, podendo ser cozidos ou não, a depender da vontade do orixá e temperado com cebola, sal e camarão seco ou com outros temperos como lelecun, bejerecum, aridan, obi, atarê, orobô, etc., tudo consultado previamente no oraculo do merindilogun.
Preceitos
A complexidade desta comida ritual envolve os demais sacerdotes do candomblé, como babalorixá ou iyalorixá, axogun, ekede, ogan, iyamorô, iyaefun, e principalmente a iyabassê que prepara este alimento indispensável na feitura de santo e construções de assentamentos de orixás. O Ixé é sempre conduzido ao peji com muito respeito e cânticos específicos por todos da comunidade e colocado enfrente dos assentamentos e ali recitados versos do itan e feito vários orikis e adurá, podendo permanecer por um período de apenas três horas, três dias ou sete. Normalmente esta grande oferenda é repartida para todos os crentes no sentido de obter a força do sagrado e fortificar os laços familiar.
Lelê - iguaria africana, doce feito com quirela de milho vermelho, coco ralado, açúcar e leite de coco. Oferecido aos Orixás Oba e Ewa.
Mungunzá, mugunzá, ou mucunzá
como é chamado pelo povo do santo é o nome da comida ritual votiva, pertinente aos orixás oxalá, oxaguian, oxalufan e o ikise lembarenganga, tanto no candomblé como na umbanda. (De mucunzá, do quimb. mu’kunza, ‘milho cozido’) "Dicionário Aurélio".
Alimento ritual feita de grãos de milho (geralmente branco), cozidos em água sem sal e com açúcar, algumas vezes com leite de coco e de gado, com pequena quantidade de "água de flor de laranjeira", servido aos adeptos com bastante caldo e aos orixás bem compactada em forma de ebô.
Omolocum
comida ritual da Orixá Oxum, é feito com feijão fradinho cozido, refogado com cebola ralada, pó de camarão, sal, azeite de dendê ou azeite doce.
Enfeitado com camarões inteiros e ovos cozidos inteiros sem casca, normalmente são colocados 5 ovos ou 8 ovos, mas essa quantidade pode mudar de acordo com a obrigação do candomblé.
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